Como importar da China: o que fazer e quais as vantagens

Veja como importar da China e aproveite a variedade de produtos, preços e itens customizáveis.

13 min de leitura
17 de jan.
Caixas e conteiners no porto ilustram artigo sobre como importar da China

“Se já tive fama de cópia barata, nem me lembro”. É o que parece dizer o mercado de exportações chinês, que só entre 2020 e 2022 cresceu 9,5%. Um avanço que se deve a ascensão da economia chinesa, ao intenso investimento em tecnologia e inovação, a especialização da produção e da mão de obra, e também ao desenvolvimento de marcas próprias.

Os produtos “made in China” não só estão por toda a parte, como agora competem com força na qualidade e nos preços. Você certamente já pegou carona em um Tiggo, da Chery. Ou quem sabe usou um relógio ou um smartphone da Xiaomi? Por muito tempo minha mãe atendeu a ligações do seu Huawei. E hoje todos compramos alguma coisa da Shein.

Pois é, não é à toa que a China ganhou a alcunha de “fábrica do mundo”. O país fornece desde matéria-prima e equipamentos para indústria, até um sortimento de produtos para revenda. Tudo isso fez com que a China se tornasse um dos principais parceiros comerciais do Brasil.

E você, tem interesse em importar da China, mas não sabe por onde começar? Fique tranquilo que nós vamos te mostrar o passo a passo: as vantagens, regras, documentações e taxas necessárias. De quebra, vamos falar sobre como selecionar o melhor mix de produtos para investir. Vem!

Por que importar da China?

Comprar e importar da China pode ser muito vantajoso e até mesmo estratégico para a sua empresa. Se a variedade e o preço já são atrativos suficientes para os varejistas brasileiros, a fabricação chinesa oferece ainda mercadorias exclusivas — não disponíveis nacionalmente — e personalizáveis — importantíssimas na construção de marca e posicionamento.

Mas não para por aí. Vamos ver cada um dos benefícios de importar da China no detalhe:

1. Preço

Você sabe porque os produtos chineses têm preços tão competitivos no mercado mundial? Bom, isso se deve a uma combinação de fatores, como mão de obra abundante e barata e o fácil acesso a matérias-primas para abastecer a indústria.

Fato é que, apesar da escolha pela importação implicar em outros custos para as empresas, optar por produzir fora do Brasil e, em especial, na China pode sair mais em conta. Nesse caso, planejamento é a palavra de ordem: para que a operação seja vantajosa, será preciso avaliar, entre outras coisas, o tipo e volume de mercadoria, o que vai impactar diretamente na diluição das despesas com taxas e transporte, por exemplo.

2. Tecnologia e inovação

Todo empreendedor sabe que trazer novidades para o seu público é uma vantagem competitiva. E a China investe pesado em tecnologia e inovação. Para se ter uma ideia, é o país que mais abre pedidos de patente.

Isso significa proporcionar exclusividade, uma vez que não será possível encontrar nada igual no mercado interno com facilidade. Mas não é só. Ao investir em inovação, a China também desenvolveu seus meios de produção e especializou a sua mão de obra, garantindo mercadorias com maior qualidade.

3. Variedade

Quando falamos de variedade, não nos referimos apenas ao sortimento de produtos, mas também de fornecedores. Isso aumenta as chances da sua empresa encontrar exatamente o que precisa — mercadorias que se adequem às suas necessidades e do seus clientes — e ainda ter espaço para negociação. Afinal, se existem vários fabricantes prontos para atender às suas demandas, você pode optar por aquele que oferece o melhor custo benefício.

De quebra, você não vai precisar mais depender da disponibilidade de estoque de atacadistas e distribuidores. Nem sofrer com a margem de lucro cobrada, que muitas vezes encarece o preço unitário das mercadorias. Isso porque estará negociando direto com a fábrica.

4. Personalização

Além de oferecer mercadorias exclusivas, a fabricação chinesa ainda proporciona um diferencial para os varejistas que é a customização de itens e aplicação da marca própria. Isso é algo que ajuda as empresas na construção de identidade e posicionamento no mercado.

E a personalização vai além dos produtos, ao proporcionar uma melhor experiência para o consumidor final, que pode contar com manuais traduzidos para o seu idioma e garantias como certificações tipo do Inmetro.

Por onde começar?

Para decidir se a importação é uma boa opção para o seu negócio, é preciso primeiro entender se sua empresa já atende aos requisitos ou se precisará passar por algum processo para começar a importar da China.

Homem assina documentos
Entenda quais requisitos sua empresa precisa preencher para começar a importar da China

Por exemplo: você já tem um CNPJ? Tem Radar Siscomex? Se sim, é hora de analisar o portfólio de produtos e o orçamento disponível para investir; decidir se vai apostar em novidades ou fazer estoque daqueles itens que vendem o ano todo; pedir os orçamentos e negociar com fornecedores.

Mas caso você ainda esteja começando — nunca ouviu falar em Radar e não tem CNPJ — não tem problema nenhum. Todos partimos de um lugar e você também pode dar o primeiro passo. Inclusive, o cenário de importação é muito positivo para microempreendedores e microempresas, que entre 2008 e 2022 cresceram em 85% a sua participação nas importações, de acordo com o relatório da Secretaria de Comércio Exterior.

Então, para começar, vamos entender um pouco sobre os tipos e as normas para importação?

Informal x Formal

Existem 2 tipos de importação. A informal se destina para consumo próprio — aqui entram aquelas roupas, itens de organização ou até os acessórios para o carro que compramos em sites como AliExpress e Shein. Tudo em pequenas quantidades, só pra uso pessoal mesmo.

a importação formal é a adequada para empresas, que buscam matéria-prima ou mercadorias no atacado, por exemplo, para revender. Ela vai envolver despachantes aduaneiros, despesas portuárias, além de taxas e impostos.

E, por se tratar de transações internacionais que serão feitas por uma empresa, vale ressaltar a importância de abrir um CNPJ adequado ao tipo de importação que deseja fazer. O objetivo é assegurar que as operações sejam legais e evitar bloqueios e atrasos no processo.

Direta x Indireta

O próximo passo será decidir se sua empresa irá lidar diretamente com a importação — isto é, negociar diretamente com a fábrica e cuidar de toda a demanda burocrática, o que exige certa expertise e, no entanto, dá mais liberdade para barganha e personalização — ou usar os serviços de uma Trading, por exemplo, que ficará responsável pela compra, trâmites alfandegários e em alguns casos também pelo armazenamento e distribuição.

Outra alternativa é o dropshipping, em que a sua empresa pode firmar uma parceria com a fabricante de modo que sua loja anuncie o produto — considerando as despesas e a sua margem de lucro — e, ao vender, a mercadoria será enviada ao cliente diretamente pelo fornecedor.

E há ainda a solução por um parceiro para cuidar de todo o processo de importação. Nesse caso, a sua empresa pode mitigar os riscos com erros na documentação, prazos e taxas, e ainda assim manter os benefícios de preço competitivo, variedade e personalização, uma vez que poderá negociar diretamente com o fabricante.

A JoomPro, por exemplo, é uma gerenciadora de compra e importação de produtos da China, que acompanha as empresas em todas as etapas — desde a definição detalhada dos produtos, a seleção de fornecedores homologados e a negociação; até a personalização, fabricação, teste de qualidade, documentação, desembaraço aduaneiro e logística.

Assista o vídeo sobre a JoomPro Analytics

Radar Siscomex

Já está por dentro do tipo de importação que deve fazer e tem o CNPJ adequado para seguir em frente? Então está na hora de habilitar o Radar Siscomex. O primeiro passo é se cadastrar no Radar, o Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros. Ele controla as operações de importação e exportação e seus respectivos dados contábeis, fiscais e aduaneiros.

A partir do Radar, a Receita Federal poderá avaliar a estrutura da empresa e autorizar a sua entrada no Siscomex, o Sistema Integrado de Comércio Exterior. Ele reúne diferentes etapas do processo de importação, desde o registro de operações e documentação, até o acompanhamento de carga e pagamento de impostos.

E quanto vai custar para importar da China?

Bom, como mencionamos, a importação pode ser muito vantajosa para as empresas. Porém, certamente vai implicar em custos para o seu negócio. Entre impostos, logística e o próprio valor dos produtos, o investimento vai depender do tipo e quantidade de mercadoria que vai ser importada, as consequentes taxas incidentes, a opção de transporte, dentre outros fatores.

Calculadora e cartoes de credito ilustram caculos para importar da China
Coloque todas as variáveis na ponta do lápis para fazer uma importação da China mais vantajosa

Para iniciar os cálculos, considere:

  • a mercadoria — tipo, quantidade, volume, peso, valor — e possíveis personalizações e certificações necessárias;

  • a logística, isto é, o valor destinado a retirada, transporte, entrega e armazenamento da mercadoria. Aqui cabe avaliar, por exemplo, se ela vai pelo transporte aéreo ou marítimo, num container exclusivo ou compartilhado, se e por quanto tempo pode ficar retida na alfândega e sob que custo;

  • os impostos — que em geral são o Imposto de importação (II), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o PIS e COFINS (tributos federais que financiam a Seguridade Social), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS);

  • as taxas aduaneiras, de acordo com o tipo e volume da mercadoria;

  • e o seguro, que apesar de não obrigatório, é indicado para cobrir possíveis intercorrências.

Com esta análise será possível ter uma visão ampla sobre as variáveis que deverão ser consideradas e testar diferentes cenários. Por exemplo: se aumentar a quantidade de mercadoria, consigo diminuir o custo por unidade junto ao fornecedor? E essa mudança pode encarecer, baratear ou será indiferente nas despesas com transporte por contêiner?

Nesse sentido, dá pra ver que para colocar essa conta na ponta do lápis, antes de qualquer coisa, é preciso definir que tipo de produto você vai importar. O que nos leva ao próximo tópico…

O que importar?

Você já identificou o tipo de importação mais adequado para o seu negócio e quais os pré-requisitos para sua empresa começar a importar da China. Já sabe também por onde começar os cálculos do investimento que deverá fazer. Mas para seguir em frente, precisa decidir quais mercadorias vai explorar.

computador associado a selecao de produtos para compra online
A pesquisa e seleção dos produtos é um passo importante no processo de importação

Para isso, é importante entender o que o consumidor está buscando — quais as tendências de consumo, o impacto das sazonalidades nas compras e quais são aqueles produtos “ever green”, que a sua loja vende o ano todo?

E é preciso estar de olho também na concorrência: em que estão investindo e como sua loja pode se diferenciar?

Os produtos mais importados no Brasil

Para se ter uma ideia, atualmente entre os produtos mais importados no Brasil estão Adubos ou fertilizantes (13,4 bilhões); Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (12,1 bilhões); Medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários (7,3 bilhões); Equipamentos de telecomunicações (7,0 bilhões); Partes e acessórios dos veículos automóveis (6,7 bilhões); e Motores e máquinas não elétricos (3,8 bilhões).

Já, o que pode interessar aos multi varejistas, produtos como os de papelaria, tipo lapiseiras e mochilas; brinquedos; guarda-chuvas; lustres e luminárias; e ainda itens de vestuário tipo camisas e camisetas femininas estão entre os principais itens importados com custo de até US$ 50 nos primeiros sete meses de 2023, de acordo com um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Como escolher o melhor produto para a minha empresa?

Olhar para o mercado como um todo pode ser extremamente importante. Mas para uma análise mais precisa, o ideal é que sua empresa faça uma avaliação detalhada sobre quais produtos vêm ganhando relevância dentro do seu segmento de atuação. Existem diversas plataformas no mercado que podem auxiliar nesse processo, como a JoomPro Analytics, que permite mapear os produtos e categorias mais vendidos no Mercado Livre, além de monitorar concorrentes e tendências.

Outro ponto de atenção ao escolher os produtos para compor seu portfólio é a margem de lucro. Antes de negociar, faça os cálculos do preço médio de importação, levando em consideração o volume de mercadoria que pretende trazer — uma vez que quanto maior a quantidade, mais diluídas serão as despesas e mais barato será o valor unitário.

Depois compare com o valor médio de itens similares aqui no Brasil e a demanda, para entender qual seria a expectativa de vendas e quão vantajosa seria a transação. E claro, não se esqueça de pensar em questões como armazenamento e validade, para altas quantidades, se for este o caso.

Por fim, estabeleça os diferenciais do seu produto: quais as especificações, itens de personalização — vai imprimir sua marca, produzir manuais em que idiomas, serão necessárias certificações de qualidade?

Pontos de atenção

Na escolha dos produtos, é importante ficar atento se o tipo de mercadoria que você deseja importar exige alguma licença ou certificação especial para circular no Brasil, de acordo com a “Nomenclatura Comum do Mercosul” (NCM) — um código de oito dígitos atribuído aos produtos para sua identificação.

Por exemplo: você lembra como no período da pandemia, muito se discutiu sobre a aprovação das vacinas e liberação para sua comercialização por aqui? Pois então! Medicamentos e alimentos, e até óculos e brinquedos, podem não se adequar a normas, representando risco à saúde. Por isso, itens como estes demandam a autorização de órgãos reguladores, como Anvisa, Inmetro, Ibama, Mapa e Decex.

De quem importar?

É natural que o choque cultural e o idioma representem obstáculos na hora de escolher fornecedores, deixando muitos empreendedores reticentes. Mas vivendo num mundo globalizado e diante de tantas tecnologias de comunicação, ficou mais fácil encontrar e acessar os fabricantes chineses.

Homem confere mercadorias na fabrica para importação da China
Avalie os fornecedores

Sites B2B como Alibaba e Made in China são exemplos de ferramentas onde é possível encontrar produtos e fornecedores para negociar.

O que avaliar?

Uma vez que você tem alguns fornecedores em fase de negociação, o próximo passo é avaliar se são confiáveis e quais são as condições de produção e entrega, o que vai impactar diretamente no custo final da sua importação. Indicamos alguns itens que não devem escapar da sua análise:

Credibilidade: é muito importante ficar atento às referências do seu fornecedor. O que outros clientes falam sobre ele? Os produtos atendem as expectativas de qualidade? A entrega atende aos prazos?

Capacidade: o seu fornecedor será capaz de produzir as quantidades, dentro dos prazos estabelecidos e de acordo com as especificações solicitadas — adequadas às normas brasileiras, por exemplo?

Personalização: o fornecedor tem a expertise e pode atender as necessidades de customização dos seus produtos?

Qualidade: o fornecedor oferece alguma garantia da qualidade dos produtos? Você pode contar com alguma assessoria para verificação do lote? Eles oferecem amostras ou testes de qualidade?

Entrega: Qual é o planejamento logístico? O fornecedor se responsabilizará pelo transporte até o porto? Ou a retirada no estoque deverá ser planejada pela sua empresa?

Vale dizer que contratar um parceiro nesta fase pode ser muito útil. Algumas empresas de importação, como a JoomPro, contam com times alocados na China, por exemplo, que além de tratar de toda a negociação, uma vez in loco, podem acompanhar a produção e mitigar prejuízos com avarias e defeitos.

Como trazer para o Brasil?

transporte de carga de importacao da China
O tipo de transporte escolhido terá impacto direto nos custos da importação

Escolheu seus produtos e fechou negócio com um fornecedor? Excelente! Agora é o momento de fazer com que a sua mercadoria chegue ao Brasil e ao seu estoque. Para isso você vai precisar contar com:

  • Um agente de cargas, que pode se responsabilizar por parte ou por todo transporte da sua mercadoria, seja ela por terra, mar ou céu. Isso significa que você pode contratar um parceiro, que ficará responsável por desde a retirada do produto no fornecedor até a entrega na porta do seu estoque, ou diferentes parceiros para cada etapa do processo.
  • Um despachante aduaneiro especializado em comércio internacional, que vai cuidar de toda a análise de documentação — avaliando se está de acordo com a legislação, se há possíveis restrições ou necessidade de uma Licença de Importação (LI) e qual o valor estimado para impostos e depósitos —, do registro da Declaração de Importação (DI) no Siscomex, do pagamento de taxas; e realizar o desembaraço aduaneiro — apresentando a documentação e providenciando a inspeção da carga caso necessário.
  • Um serviço logístico — caso não esteja incluso no pacote com o agente de cargas — que será responsável pelo transporte da mercadoria do porto ou aeroporto até o destino final, isto é, seu estoque.

Simplificando o processo

Deu pra ver que importar da China pode ser tão vantajoso quanto complexo. A gente entende que, mesmo diante de uma explicação completa e depois de muito estudo, a burocracia e as particularidades da importação podem ser assustadoras.

Não à toa, existem empresas que se especializam neste serviço, para apoiar empreendedores em diferentes ou mesmo em todas as etapas do processo. E como mencionamos anteriormente, esse é o caso da JoomPro, que oferece uma solução completa, cuidando das suas importações de ponta a ponta.

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